terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Quantos lugares podemos visitar antes de morrer ? (01)

              Nos últimos anos tenho viajado muito, acredito que muito acima de média nacional. Em poucos anos passei por lugares frios e lindos como a Patagônia e Lugares quentes e perturbadores como o Haiti no pós terremoto. Nestas viagens aprendi muito sobre o sentimento humano, dor.

              Deste muito jovem criei uma relação muito próxima com a dor física e as angustias psicológicas, dores estas que não compreendo até a data presente e talvez nunca vá compreender.

              Dos paradigmas apresentados até hoje, relembro o caso de uma senhora moradora de uma casa simples no alto dos Andes – CHILE, que por sua simpatia fui convidado a morar e habitar sua residência por 2 dias, em troca de suas histórias, carregava a dor de uma passado inteiramente dignos dos 100 anos de solidão (Cien Años de Soledad - Gabriel García Márquez) . Seu pai perseguido pelo governo do General Augusto Pinochet, que com o apoio dos Carabineiros tomou o poder no pais iniciando uma verdadeira perseguição.

             Sua mãe, militante na política chilena e mãe de 3 filhos, apareceu morta logo no primeiro dia de conflito, de situações completamente humilhantes e na fuga o pai fugiu para as cordilheiras onde permaneceu com seus filhos por mais de 50 anos, Os motivos de sua permanência em local tão remoto eu nunca saberei, ao tocar no assunto, a fonte de histórias se corrompeu em agressividade.

             Correndo o risco perguntei sobre seus irmãos e por que ela não mantivera contado com eles, e novamente nada foi respondido.

             Esta é uma história de medo, que me arrepia em cada lembrança, saber que não se pode viver livremente é perturbador. Diga-me, o que você faria em minha situação?

             Continuei minha fornada ao topo dos Andes, e no retorno quando finalmente tomei coragem de perguntar para ela qual seria seu destino, o que a impulsionava a viver, encontrei seu casebre vazio.

              Até hoje não sei o destino de tão simpática senhora, em meus sonhos, idealizo ela em um local quente, com seus irmãos e uma grande ceia de natal. Em pensamento, vislumbro uma realidade muito diferente.

2 comentários:

Dani disse...

oi Dé, gosto mt do que escreve, hmm e fiquei pensativa sobre o post. Boa questão =p
Bjs

Fabiana disse...

belíssima escrita
você melhorou e vem melhorando sempre
faz um suspense e ao mesmo tempo é inteligente com as palavras.

é triste o que relatou, e eu também penso que ela tenha medo de seus medos, assim como eu.

ela pareceu sincera e carente de um diálogo, e de repente não conta o que realmente vc queria saber.

talvez ela esteja bem e com todos eles ao redor, mas talvez a realidade dela já seja outra...

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