sábado, 30 de janeiro de 2010

Capitulo 3: Insônia

Quando eu cheguei a Republica Dominicana, fiquei realmente perdido. Não havia para onde ir e a o calor que agora invadia o meu corpo como a euforia do primeiro beijo, me deixava ainda mais inquieto. Eu precisava urgentemente chegar aonde o mundo queria fugir. E estava escuro demais para eu perceber qualquer coisa que não fosse um monte de cachorros e um verdadeiro batalhão de homens.


Os homens

Quase todos de barba, blusas pesadas e brilhantes. E como brilhavam. Quando encontrei os ZAKA não imaginava o quando de experiência e conhecimento em resgates eles possuíam, apesar de serem israelenses possuíam um espanhol muito bom.

Com eles eu recebi um colete, um radio com GPS e uma bolsa de água que eu amarrei junto a minha mochila, como estava sozinho e eles eram apenas 4 fui convidado a conviver com eles e a atuar em resgates imediatos.

Como se chega a um pote de ouro?

O sonho de todo brigadista de cinema é ver o circo... Ou melhor, o Cine pegar fogo. Sabíamos-nos da situação em Porto Príncipe e só tínhamos um objetivo, chegar o quanto antes, já haviam se passado quatro dias do terremoto e a cada passo a procura de carona o meu coração acelerava, a ida de avião era quase impossível e nossa melhor oportunidade não demorou muito para chegar.

Um transatlântico voador pousou quando o céu já estava avermelhado querendo amanhecer, dele mantimentos e equipamentos de resgate como tratores e quadro caminhões da ONU. Estava tão compenetrado em ver tanto movimento que não me lembro exatamente como, mas, quando olhei para o lado, nós já estávamos sobre um dos caminhões. Rumo ao que Abener chamou de Pote de ouro, enquanto eu só pedia por um arco-íris.

Muito tempo depois já estávamos em uma estrada horrível e incrivelmente isolada. No comboio eu ainda tomei três vacinas e um tombo.

Por isto o próximo capitulo terá o nome de: A maior queda de minha vida.

Capítulo 2: A saída de São Paulo.

Como é difícil ir a um país sitiado, a dificuldade era tamanha que eu gastei quase duas horas de telefone com a embaixada do Haiti no Brasil e com a companhia aérea que me levou até o Rio de Janeiro.

No Aeroporto Galeão - Antonio Carlos Jobim, eu me motivei a perder minha virgindade e tomar um cafezinho, e como foi ruim, não me lembro de ter pagado tão caro por água suja antes. Para compensar o folhado misto era excelente e o suco de laranja ( pós trauma) também.

Do rio eu ainda fiz mais quatro conexões antes de desembarcar em Santo Domingo.

O ultimo avião era um Antonov AN-168, também conhecido como, avião de carga. Para ser sincero eu não esperava ser transportado junto com algumas toneladas de água e uma fruta que nem quis saber o nome, oriunda da Venezuela. O avião estava justamente levando as frutas para Republica Dominicana e as águas para outro lugar, não fiz questão de amizade com a tripulação, pois eles não existiam, no avião estava apenas eu e mais três pessoas. Por mais de duas horas eu me senti em um navio fantasma. E nossa que frio.

Não consegui dormir durante meu passeio, para ser sincero acho que não dormi por quase 12 dias. E por isto o Próximo terá o nome de Insônia.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Apelidos


Hoje eu estava voltando do mecânico onde deixei meu carro quando conheci uma moça super bacana no ponto de ônibus. Ela me perguntou qual era o meu apelido... E eu respondi... Não tenho... Mas que grande mentiroso que sou, pois, sou um homem de muitos apelidos.

Em ordem de recebimento.


 
Dé (Tios, Tias, Mãe e Família) ou Deh ( Para pessoas especiais).


Besouro (Na minha época DARK, Maldita adolescência auuaha)


Cazuza ( Pode não parecer + já tive cachinhos de anjinhos)


ANTEDEGUEMON (Este ainda vigora entre minhas amigas de SP que compartilharam o ensino médio comigo. Motivo -> Um trote que ficou super famoso na época, com uma pequena ajuda minha auhau <-)


Curinga (Oooh minha clow ou seja -> Um palhaço importado. Eu fazia malabares no metrô, trens e na rua sempre com meu nariz de palhaço e muita alegria. Nossa como eu gosto de fazer isto... O termo curinga surge após a minha leitura do livro “ O dia do curinga” um romance do escritor norueguês Jostein Gaarder, autor de O Mundo de Sofia. Eu adoro o livro e o apelido^^)



Ursinho Pin...ão ( KKKK Este foi fod*. Na minha 1ª faculdade uma colega me chamava de Ursinho Pimpão... A amiga dela converteu kkkkkkk... Dava muita vergonha ser chamado assim.)



Pesadelo ( Meu apelido na UFTM, minha universidade atual. Fraco de + e só pegou entre meus veteranos.


 
Tommy ( Um apelido por semelhança... Eu ainda me lembro de quando recebi o SPIKE meu cachorro de pelúcia de presente de minha querida amiga Cibelle... O apelido de Tommy veio junto, porém, se consagrou em Uberaba.)


Aventureiro ( Um apelido Justo, porem, novo e dado por uma pessoa Muito legal e de grande estima ^^ Será que é por causa de minhas expedições pela Améria Latina? Ou Por minhas aventuras internacionais? Qualquer dia eu chego ao gral do “Into the Wild”).

Nossa eu tenho um monte de apelidos... na verdade tem mais uns 4 como, bolinha, gordinho e tri-louco. Auhhuahua sem comentários.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Capítulo 1: A mochila perfeita.

Olá para quem não sabe eu acabo de retornar do Haiti.

Em pouco tempo eu tive uma vida modificada por completo, participei de pequenas missões de busca nos primeiros dias até ter o meu primeiro contato com a morte, que eu garanto que em nenhum momento me deixou sozinho. Tive realmente sentimentos de repulsa, nojo e compaixão todos elevados a décima potência. Vou começar com o básico.

Minha mochila: quando decidi aceitar este desafio muitas perguntas tiveram espaço garantido em minha mente, porem, somente uma contou em minha lucidez, o preparo de minha bagagem. Não poderia colocar nada de valor, nem material e muito menos sentimental. Com as poucas notícias que eu possuía do local sabia que não contaria com a internet ou com o equipamento mais trivial de nosso tempo o telefone. Como não sabia o tempo exato de minha permanência no local optei por carregar o mínimo para potencializar a minha resistência e facilitar minha locomoção. Eu praticamente repeti os equipamentos essenciais como filtro solar fator 30, desodorante de longa duração 48h e um tubo de pasta de dente que no decorrer de meu relato ganhará varias utilizações.

Duas calças jeans, 5 camisetas e 7 meias e cuecas. Três lanternas alimentadas a dínamo, 20 barras de cereais e um mini purificador de água. Um complexo vitamínico e 50g de sódio e por ultimo e muito importante uma barraca iglu para 2 pessoas, uma cadeirinha Arane (Para atividades com corda), um capacete Focus, freio 8 Alpen Pass, luva de escalada, um jogo com 8 mosquetões (alumínio) e 20 metros de corda.

Total: 14 kg Equipamento pessoal: 4 kg Outros Equipamentos: 10 kg
Confesso que desta vez eu me superei. Nunca viajei com uma mala tão completa e ao mesmo tempo tão leve. Consegui colocar tudo na parte de dentro da mochila ficando apenas a corda em suspensão.

Hoje eu me arrependo de não ter levado uma toalha de rosto,

Próximo capítulo: A saída de São Paulo.